Os efeitos da pandemia de Covid-19 vão durar por muito tempo e serão um grande desafio para os prefeitos que serão eleitos esse ano. Esse foi o diagnóstico do médico sanitarista e ex-ministro da saúde Arthur Chioro, durante o Seminário de Saúde Pública no Pós Pandemia, encontro virtual que mobilizou cerca de 120 militantes do PT de Diadema nesta terça-feira (14).
Chioro exibiu uma análise detalhada dos efeitos da Covid-19 no Brasil, mostrando a gravidade do problema e a falta de capacidade do governo federal para combatê-lo. “O Brasil tem 2,7% da população mundial [em número de habitantes] e hoje responde a 20% dos casos de Covid-19 no mundo, ainda que tenha uma enorme subnotificação desses casos”, disse o ex-ministro da Saúde.
Para ele, a baixa testagem de vírus no País não permite ter a real dimensão do quanto o coronavírus afeta a população. Com isso, os dados oficiais sobre a doença acabam mostrando um cenário que já ocorreu há mais de duas ou três semanas. “Posso dizer, com toda segurança, que o número de casos notificados oficialmente em uma cidade como Diadema pode ser multiplicado por sete”, exemplificou.
A Covid-19 não é uma doença democrática, destaca Chioro. Os dados mostram que quanto mais se vai para as periferias das grandes cidades, o número de casos aumenta. Ele usou como exemplo o mapa da cidade de São Paulo, onde os bairros mais pobres lideram em número de casos.
Futuro
Pensando nos próximos meses, e com o cenário das eleições municipais próximo, o ex-ministro da Saúde avaliou que os novos prefeitos terão um desafio grande na saúde. Além da possibilidade de uma segunda ou terceira onda de contaminação do vírus, as unidades de saúde das cidades também devem receber uma demanda reprimida de pessoas que possuem outras doenças e que evitaram ir a esses locais com medo de se contaminarem com o coronavírus.
Ele reforçou que só com ação política forte é possível sair da crise de saúde e usou como um bom exemplo de ação política os governos do PT em Diadema, que melhoraram a cidade mesmo em momentos de crise política e econômica, semelhante ao que acontece hoje com o governo Bolsonaro. “Quem conhece a história de Diadema sabe que aquele grande acampamento urbano desorganizado que era a capital mundial da violência e não tinha condição urbana alguma, mudou com as administrações do PT em momentos difíceis como os governos Sarney, Collor e FHC”, lembrou Chioro.
